sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Esses dias...

Hoje como em quase todos os dias e já há cinco anos, acordei cedo, saí de casa à pressa para chegar a tempo de "picar o ponto" às 8h, fiz o rapidamente o caminho ou tentei porque hoje estava um nevoeiro quase cerrado ali para os lados da "Républica Independente dos Canaviais"...
Bom, quando cheguei perto da minha rotunda preferida desta cidade, e que não é só MINHA preferida, há quem goste tanto dela que insiste em "estacionar lá dentro", falo da rotunda que fica ao fundo da rampa do seminário, quando cheguei aí vi uma imensidão de alunos que se dirigiam para a escola Gabriel Pereira, nada de especial, mas foi uma coisa que me deixou a pensar... um dia já fiz aquele trajecto e hoje faço outro que passa perto daquele, será que daqui a um tempo farei outro?
Seja como for, fiquei com saudades daquele tempo, do toque do feriado, dos amigos que via todos os dias e agora anda, cada um para seu lado, das escapadelas até as lojas com as amigas, até dos profs e dos testes...
É das tais coisas, como se costuma dizer, só damos valor quando passamos por elas e nos apercebemos que o tempo já não volta atrás.
Há um poema que me faz lembrar essa altura da nossa vida,
Rosa branca ao peito

Teu corpinho adolescente cheira a princípio do mundo.
Ainda está por soprar a brisa que há-de agitar a tua seara.
Ainda está por romper a seara que há-de rasgar o teu solo fecundo.
Ainda está por arrotear o solo que há-de sorver a água clara.
Ainda está por ascender a nuvem que há-de chover a tua chuva.
Ainda está por arder o sol que há-de evaporar a água da tua nuvem.

Mas tudo te espera desde o princípio do mundo:
a doce brisa, a verde seara, o solo fecundo.
Tudo te espera desde o princípio de tudo:
a água clara, a fofa nuvem, o sol agudo.

Tu sabes, tu sabes tudo.
Tu és como a doce brisa, a verde seara e o solo fecundo
que sabem tudo desde o princípio do mundo.
Tu és como a água clara, a fofa nuvem e o sol agudo
que desde o princípio do mundo sabem tudo.
O teu cabelo sabe que há-de crescer
e que há-de ser louro.
As tuas lágrimas sabem que hão-de correr
nas horas de choro
Os teus peitos sabem que hão-de estremecer
no dia do riso.
O teu rosto sabe que há-de enrubescer
quando for preciso.

Quando te sentires perdida
fecha os olhos e sorri.
Não tenhas medo da Vida
que a Vida vive por si.
Tu és como a doce brisa, a verde seara e o solo fecundo
que sabem tudo desde o princípio do mundo.
tu és como a água clara, a fofa nuvem e o sol agudo.
A tua inocência sabe tudo.
(António Gedeão)